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Após três meses de recuos, vendas internas de produtos químicos crescem em julho de 2021

Segunda-Feira, 30 de Agosto de 2021

Produção, importação e demanda sobem no acumulado do ano e nos

últimos doze meses, mantendo ritmo forte de recuperação



O volume de vendas internas dos produtos químicos de uso industrial registrou no mês julho um crescimento expressivo de 14,89%, invertendo a trajetória de três meses consecutivos de recuos. O IGQ-P Abiquim-FIPE também mostrou que a produção teve desempenho positivo no mesmo período, com crescimento de 5,64% sobre o mês anterior. Vale destacar a realização de paradas programadas para manutenção entre abril e junho, que acabaram por impactar os resultados dos volumes de produção e de vendas internas realizadas no período. 


O índice de utilização da capacidade instalada alcançou 72% no mês de julho deste ano, cinco pontos acima do valor registrado no mês anterior, em decorrência do retorno de operação após as paradas nos meses anteriores, em especial nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco. No que se refere ao índice de preços, após doze meses de altas consecutivas, o IGP Abiquim-FIPE registrou recuo de 3,13% no último mês de análise.


No acumulado de janeiro a julho de 2021, os índices de volume do segmento de produtos químicos de uso industrial continuam com ritmo acelerado, em relação a igual período do ano passado, com os seguintes resultados comparativos: produção +8,48%, vendas internas +9,57% e consumo aparente nacional +12,3%. No mesmo período, o volume de importações da amostra de produtos analisados subiu 15,3%, enquanto o de exportações recuou 11,6%.

O índice de preços teve alta nominal de 39,88% entre janeiro e julho de 2021, sobretudo acompanhando as oscilações ocorridas no mercado internacional.

 

“A demanda por produtos químicos vem crescendo no Brasil e no mundo, puxada pela Ásia, a um ritmo maior do que o da oferta, com destaque para atendimento das demandas relacionadas à Covid-19, seja daqueles produtos utilizados na prevenção, no tratamento ou no combate ao vírus”, explica a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira. “Também, houve uma mudança no perfil da demanda mundial de químicos, com ênfase para os produtos utilizados em embalagens de delivery, como os descartáveis. Ainda, no período recente, os preços do barril do petróleo e dos seus derivados, em especial da nafta petroquímica, têm subido também como reflexo da redução da produção nos países da OPEP, pressionando diversos preços ao redor do mundo e consequentemente a inflação.”

 

Analisando-se os resultados conjunturais dos produtos químicos de uso industrial dos últimos 30 anos, é de se destacar que a variável CAN teve crescimento médio anual de 3% (valor bem acima dos 2,2% de crescimento do PIB em igual base de comparação, confirmando a elevada elasticidade média histórica de 1.4 vezes de alta da demanda de químicos em relação ao PIB), enquanto a produção interna subiu 1,5% a.a., metade do crescimento anual do CAN, e as importações cresceram 9,5% a.a., passando a ocupar 46% do mercado local, contra 7% no início dos anos 1990.

 

“A ABIQUIM vem pontuando a falta de competitividade da indústria química nacional há um bom tempo. Esse problema não é reflexo da conjuntura recente, mas sim fruto de uma questão mais estrutural e de longa data”, assinala a diretora da Abiquim. “A demanda por químicos cresce a um ritmo muito maior do que o do PIB, mas essa alta não tem sido capaz de puxar a produção e os investimentos na química nacional. Ao contrário, nos últimos 15 anos, diversas unidades fecharam por falta de competitividade.”


A elevada ociosidade preocupa, especialmente pela característica da operação em processo contínuo. “Essas plantas deveriam estar operando entre 87-90%, o que seria um nível mais dentro do padrão do segmento”, enfatiza Fátima Giovanna.


Para a química, matérias-primas básicas e energia são fatores preponderantes não só para se manter a produção, mas também para definir novos investimentos. “Infelizmente, esses custos estratégicos são muito mais elevados no Brasil do que em relação às congêneres da química no mercado internacional. Essa situação tem se agravado no período mais recente pela questão da logística e pela probabilidade de encarecimento dos custos da energia e do gás natural por conta da crise hídrica.

A química é reconhecida mundialmente como uma das atividades que mais gera valor e esse valor sempre tem um efeito multiplicador importante em renda, emprego e impostos. Por essa razão, muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento estimulam a produção de químicos. A definição por novos investimentos precisa estar atrelada ao fornecimento competitivo e de longo prazo das matérias-primas básicas, mas sobretudo ao uso adequado e eficiente das plantas instaladas atualmente. Vale lembrar que não há país desenvolvido sem uma química forte na sua base industrial. Ter uma química forte é sinal de desenvolvimento e o Brasil não pode perder essa oportunidade e nem prescindir dessa indústria”, conclui.