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A indústria essencial hoje, amanhã e depois

Quinta-Feira, 16 de Abril de 2020

Caros leitores, 

O jornal O Estado de S. Paulo publicou em seu portal, no dia 1 de abril, o artigo “A indústria essencial hoje, amanhã e depois”, do Presidente-Executivo da Abiquim, Ciro M. Marino. O texto explica como os produtos químicos são essenciais para o abastecimento das demais cadeias produtivas que fabricam itens necessários para o combate e à prevenção do coronavírus. 

O artigo também ressalta o papel inovador da indústria química e seu papel essencial no desenvolvimento de soluções para os demais setores fármaco, médico e hospitalar, além das ações para garantir a manutenção das operações oferecendo segurança a seus colaboradores. 


A indústria essencial hoje, amanhã e depois


É necessário um esforço para superar a crise, mas soluções estruturantes terão de vir tão logo seja retomado o fluxo normal da vida no País


Artigo de Ciro M. Marino*


Se tem algo que está presente na vida de todos os brasileiros é a indústria química. Os insumos e matérias-primas produzidos nas fábricas deste setor que responde por 11,4% do PIB industrial nacional estão na base dos produtos de todos os demais setores industriais: do agro à mineração, passando por remédios, higiene pessoal, gases hospitalares, limpeza, alimentação, roupas, calçados, brinquedos, eletroeletrônicos... Isso significa dizer que todo brasileiro depende da indústria química.


É um setor essencial.


A importância da indústria química passa injustamente despercebida da opinião pública em tempos normais, mas fica evidenciada em uma situação de calamidade como a que estamos vivendo diante da disseminação da covid-19. Quando disparou no varejo a procura por álcool em gel, máscaras e sanitizantes, entre outros bens diretamente associados à situação de pandemia, os olhos se voltaram para as fábricas químicas. 


Alinhadas com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e as autoridades sanitárias do País, as indústrias adotaram nas últimas semanas protocolos rígidos de segurança para seus colaboradores e fornecedores, e estão empenhadas ao máximo para não apenas manter a produção, como atender a uma demanda maior por alguns insumos específicos, sendo um bom exemplo o espessante para o álcool em gel.


Diversas empresas rapidamente redirecionaram unidades fabris e formularam alternativas eficientes ao espessante comumente utilizado, que se tornou escasso em nível global. A indústria química brasileira tem plenas condições de produzir mais insumos para que o álcool em gel não falte aos brasileiros nesse momento tão importante.


Pontualmente, uma grande preocupação do setor neste momento é o tráfego de insumos e matérias-primas entre os Estados e também entre os países do continente, notadamente a Argentina, com quem temos um forte relacionamento comercial. Motoristas e operadores logísticos são hoje os médicos e enfermeiros da produção que chegará às casas dos brasileiros no próximo mês. 


A logística envolve uma série de engrenagens como refinarias e biorrefinarias, estradas, postos de fronteira, portos e portos secos, que devem estar em sincronia para que as produções dentro das indústrias químicas tenham um fluxo constante. Pelas características da produção química – uma fábrica assemelha-se a um laboratório em que reações controladas são feitas constantemente – parar uma linha de produção é uma operação extremamente delicada, entre outros fatores porque ela não pode ser tão facilmente religada como se respondesse a um interruptor ou chave.


Além das preocupações pontuais e do esforço para superar essa grave crise, a indústria química também faz o exercício de olhar para frente, pensar no futuro, e buscar construir um ambiente de maior segurança e competitividade para o setor, com reflexos positivos em toda a cadeia produtiva e, por extensão, ao consumidor final.


Soluções estruturantes terão de vir tão logo seja retomado o fluxo normal da vida no País. Uma prioridade é acelerar a implementação do Programa Novo Mercado de Gás, que traz a perspectiva de um fornecimento estável de matéria-prima a preços competitivos. Também é preciso olhar para os entraves burocráticos e regulatórios, a inserção internacional da nossa indústria, a infraestrutura e a questão da energia. 


Uma das muitas lições importantes que essa pandemia nos deixa é sobre a importância de produzirmos mais especialidades e menos commodities.


É preciso abordar esse problema antes da próxima crise.


*Engenheiro Mecânico, Presidente-Executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), publicado no portal do jornal O Estado de S. Paulo.


Clique aqui para ler o artigo no site do jornal O Estado de S. Paulo.