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Notícias Abiquim

Artigo: O papel da indústria química na preservação do meio ambiente

Segunda-Feira, 05 de Junho de 2017

Por Carlos Barbeiro, coordenador da comissão de Meio Ambiente da Abiquim 

Hoje é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente e, por meio do Programa Atuação Responsável®, que celebra 25 anos de implantação no Brasil em 2017, a indústria química adotou, de forma voluntária, ações para preservar o meio ambiente reduzindo o volume de água captada, o consumo de energia elétrica e a geração de resíduos e emissão de CO2 em sua operação. 
Nesta data, é importante que todos os setores da sociedade se conscientizem sobre a importância de preservarmos os recursos naturais, fundamentais para a atividade industrial e principalmente para a própria vida, caso da água. De janeiro de 2014 a março de 2016, o Estado de São Paulo registrou um período de escassez hídrica e durante esse tempo a Comissão de Meio Ambiente da Abiquim criou o Grupo de Trabalho sobre recursos hídricos (GT Água), com o objetivo de debater e analisar o tema, além de propor ações de melhoria visando o uso racional do recurso e a sustentabilidade dos negócios. 
Desde sua criação, o GT Água produziu o Guia para Elaboração de Plano de Contingência para a Crise Hídrica, que visa preparar as empresas para situações de escassez hídrica. E, no ano passado, lançou o Manual de Gestão Eficiente de Recursos Hídricos, voltado a disseminar as boas práticas para empresas de pequeno e médio portes, independente de sua área de atuação, e que contou com contou contribuições das empresas Basf, Braskem, Cabot, Dow, Ecolab, Nitro Química, Peróxidos do Brasil, Solvay e Unipar Carbocloro.
Apesar da crise hídrica já ter passado no Estado de São Paulo, fruto das chuvas acima da média, da economia da população e da realização de obras estruturais, muitos ajustes ainda precisam ser feitos para diminuirmos os desperdícios de água potável, que em São Paulo, segundo dados divulgados pela própria Sabesp, em janeiro deste ano eram de 31,4%. Esse dado ainda é melhor do que a média nacional que chega a 36,7% segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades.
No momento outras regiões do País enfrentam uma situação séria, caso do Centro-Oeste e do Nordeste, que começaram a sofrer com a seca, apontada como a mais grave na região em décadas, desde 2012. Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC) a seca já afeta de forma excepcional, classificação mais grave da APAC, os estados do Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, sendo que em algumas cidades já é realizado o racionamento de água desde o ano passado e mais de 800 municípios são abastecidos por caminhão pipa. O Distrito Federal é a região mais afetada pela estiagem no Centro-Oeste, onde o racionamento de água acontece desde janeiro deste ano, no qual a cada seis dias com abastecimento é feita a interrupção por 24 horas. 
Apesar do Brasil deter 12% da água doce do mundo é necessário sempre nos lembrarmos que a água doce é um recurso natural, que deve ser usado de forma racional. Conforme informou o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, no último Congresso de Atuação Responsável, “O Brasil já sente as mudanças climáticas. Tínhamos uma grande regularidade e atualmente oscilamos com períodos de muita ou pouca chuva”.
Ações para diminuir o impacto das mudanças climáticas devem estar na pauta de todos os setores da economia e da população. Pelas metas brasileiras que o País assumiu no Acordo de Paris, por meio de sua contribuição nacionalmente determinada (NDC), o Brasil se comprometeu em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 37% até 2025 e em 43% até 2030 (ano base: 2005). 
Para alcançar essas metas, o Brasil se prontificou a fazer mudanças na gestão de recursos naturais, entre elas: aumentar a participação da bioenergia sustentável na matriz energética para 18%; fortalecer o cumprimento do Código Florestal; restaurar 12 milhões de hectares de florestas; alcançar o desmatamento ilegal zero na Amazônia; chegar a participação de 45% de energias renováveis na matriz energética; obter 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico; promover o uso de tecnologias limpas no setor industrial; e estimular medidas de eficiência e infraestrutura no transporte público e áreas urbanas. 
No entanto, caso a economia brasileira cresça 3,5% ao ano, esse modelo terá eficiência até 2030. Para manter com êxito a mitigação de emissões será necessário precificar as emissões. A precificação de carbono é um tema que vem sendo discutido pelas entidades setoriais e representantes do governo há algum tempo e a indústria química, por meio do Comitê para o Desenvolvimento Sustentável da Abiquim, foi a primeira entidade setorial a se posicionar sobre a questão e apresentou em maio seu posicionamento sobre o tema. 
A Abiquim defende a importância de reconhecer suas ações e esforços históricos. A associação entende que é necessário estruturar uma estratégia e um cronograma de implementação para que o setor empresarial possa adaptar-se a uma economia de baixo carbono, de modo gradual, permitindo um melhor planejamento dos investimentos. Esse mercado precisa ser adequado à realidade da economia brasileira e ser um instrumento eficiente e efetivo para o alcance das metas de mitigação de gases de efeito estufa e promoção do desenvolvimento. Caso o governo adote um mecanismo de precificação que também inclua impostos ou taxas, deverá haver “neutralidade tributária”, mantendo-se o princípio da concorrência leal e a não interferência por meio da tributação. 
O posicionamento destaca ainda outras ações, como: integrar a política brasileira a outros países e regiões; incentivos e investimentos em produtos e processos de baixo carbono; harmonização entre as políticas climáticas e políticas energéticas brasileiras; e garantir um alto nível de governança por parte do governo.
A indústria química vem fazendo sua parte para reduzir o impacto das mudanças climáticas. A química também é a ciência capaz de desenvolver soluções e tecnologias que permitam aos governos de todo o planeta e demais segmentos da economia a promover riqueza e bem-estar da população de forma sustentável.