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ARTIGO: Por que é importante um programa de sustentabilidade da indústria química?

Segunda-Feira, 09 de Junho de 2025

Presiq propõe diretrizes para modernizar o parque industrial

químico brasileiro com foco em transição energética

 

Por André Passos Cordeiro

 

No momento em que o Brasil busca reindustrializar sua economia, fortalecer cadeias produtivas estratégicas e avançar em compromissos ambientais firmados internacionalmente, o país se depara com uma oportunidade única de dar um salto em todas as frentes. A indústria química, fornecedora de insumos essenciais para a agricultura, saúde, energia, mobilidade e tantos outros setores, pode ser a base de sustentação para um projeto consistente de desenvolvimento.

 

E o Congresso Nacional tem responsabilidade decisiva nesse contexto, aprovando o Programa de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq), uma proposta estruturante apoiada por diversos segmentos produtivos que entra em pauta.

 

A indústria química brasileira enfrenta um momento desafiador. No primeiro bimestre de 2025, registrou quedas significativas: produção (-5,6%), vendas internas (-0,8%) e demanda nacional (-4,0%) em comparação ao mesmo período do ano anterior. A utilização da capacidade instalada caiu para 60%, o menor índice desde 1990.


É fundamental que um dos setores mais estratégicos para a nação esteja no centro da agenda da Nova Indústria Brasil. Afinal, gera quase 2 milhões de empregos diretos e indiretos e contribui com cerca de 11% de todo o PIB industrial. O país já começou a adotar ações para conter o avanço de produtos importados e ampliar o acesso a fontes de energia. Mas são necessárias medidas estruturantes, para o setor produzir em parâmetros ambiental e economicamente sustentáveis. 


O PL 892/2025, que institui o Presiq, apresenta diretrizes concretas para modernizar o parque industrial químico brasileiro, com foco em transição energética, inovação tecnológica, economia circular e incentivos à produção de químicos de base renovável.


A proposta inclui a criação de instrumentos financeiros voltados para uma economia limpa, aplicando incentivos inteligentes e incentivando uma colaboração entre o governo e o setor privado para estabelecer centros de excelência e acelerar a inovação.

 

Essa agenda está alinhada com os interesses estratégicos do país, como a diminuição das emissões, a geração de empregos qualificados, a atração de investimentos estrangeiros e o fortalecimento da autonomia nacional em relação a insumos essenciais.

 

Indo além do contexto brasileiro, o Presiq buscará equilibrar as chances no mercado global. A indústria química tem enfrentado desafios significativos devido ao cenário internacional desfavorável, especialmente por não possuir a mesma competitividade de seus maiores concorrentes. Nesse sentido, uma política de Estado é crucial para impulsionar seu crescimento.

 

Com o Presiq nossa indústria pode voltar a operar em plena carga, ocupando 95% da capacidade produtiva atual. Isso significaria um impacto sobre o valor da produção dos químicos de uso industrial, gerando um efeito direto, indireto e de renda no PIB de R$ 112,1 bilhões até 2029. Essa alta na produção promoveria uma elevação de quase 81 mil novos postos de trabalho diretos, podendo chegar a 1,7 milhão de novos trabalhadores diretos e indiretos.

 

Não podemos desperdiçar uma oportunidade histórica. O mundo vive um redesenho produtivo, com cadeias globais mais curtas, exigências ambientais mais rígidas e uma nova lógica de acordos comerciais, baseada em padrões ESG e segurança energética.

 

O Brasil precisa se posicionar nesse tabuleiro com ousadia e visão de longo prazo. O setor químico está pronto para fazer sua parte. Agora, é preciso que o poder público, nesse momento representado pelo Congresso Nacional, reconheça a importância estratégica da indústria para toda a economia e atue como indutor dessa transição.

 

Confira aqui a publicação do artigo no JOTA PRO Poder