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Abiquim Entrevista - Priscila Camara, Vice-Presidente Sênior da BASF na América do Sul
Terca-Feira, 06 de Maio de 2025
Abiquim Informa - O que você considera como principais marcos da sua trajetória profissional?
Priscila Camara - Como primeiro marco da minha carreira, posso citar meu ingresso na BASF, em 1998, como trainee. Essa oportunidade foi fundamental para dar meus primeiros passos, ensinando-me que a química vai muito além das fórmulas – ela está nos mercados e negócios que movimenta e nas conexões que estabelecemos. Desde então, passei por diversas unidades de negócios, trabalhando com produtos intermediários e petroquímicos voltados para os setores agroquímico, cosmético e farmacêutico, e depois explorei novas áreas, desenvolvendo negócios no segmento têxtil, revestimentos e resinas.
Outro marco aconteceu em 2008, quando fui trabalhar na matriz da BASF, na Alemanha, como controller de inovação. Essa experiência internacional foi enriquecedora e expandiu minha visão de negócios, demonstrando que a inovação não surge no isolamento, mas sim na interação entre diferentes realidades e perspectivas.
Meu retorno ao Brasil marcou o início de uma nova fase na minha carreira. Comecei a assumir posições mais estratégicas de liderança, que moldaram toda a minha trajetória. Liderei a unidade de Soluções de Combustíveis e Lubrificantes na América do Sul, o que me permitiu fortalecer parcerias essenciais com grandes montadoras e fornecedores automotivos. Em seguida, fui responsável pela área de Catalisadores, onde contribuí para a expansão da fábrica de Indaiatuba e para o impulsionamento de tecnologias voltadas à redução de emissões veiculares.
Um dos momentos mais marcantes aconteceu em 2020, quando me tornei vice-presidente de Care Chemicals na América do Sul. Sob minha liderança, aceleramos o desenvolvimento de produtos biodegradáveis para os setores cosmético e de limpeza, resultando em uma significativa melhoria na sustentabilidade dos nossos processos, além de fortalecer a nacionalização de insumos, garantindo maior segurança e autonomia para a indústria local.
Em outubro de 2024, assumi a Vice-Presidência Sênior da BASF na América do Sul, tornando-me a primeira mulher na companhia a ocupar esse cargo na região. É uma grande responsabilidade e uma enorme satisfação dar continuidade ao trabalho bem-sucedido de Manfredo Rübens, que foi nosso presidente para a região entre 2018 e 2024, e estou comprometida em impulsionar ainda mais o crescimento e a inovação na BASF.
AI - Na sua visão, como o setor químico pode evoluir para uma química sustentável?
PC - No caso da BASF, essa evolução é parte integrante da nossa ambição: nós queremos ser a química preferida para viabilizar a transformação verde de nossos clientes.
A transformação rumo a uma química sustentável passa pela adoção de práticas circulares, nas quais materiais são redesenhados, reutilizados e reciclados, abandonando os modelos lineares de produção. Além disso, tecnologias de reciclagem química e mecânica devem ser ampliadas para reaproveitar plásticos e outros resíduos industriais em larga escala, reduzindo o desperdício e contribuindo para a preservação ambiental.
No Brasil, há um enorme potencial para expandir cadeias produtivas baseadas em matérias-primas renováveis, como a alcoolquímica, que utiliza etanol como matéria-prima, e a oleoquímica, que se baseia em óleos vegetais. Essas alternativas não apenas diminuem as emissões de gases de efeito estufa, mas também fomentam a bioeconomia, criando valor agregado para o agronegócio e outras indústrias.
A transição para uma química sustentável só será possível com o engajamento de toda a sociedade. É necessário adotar abordagens integradas que combinem inovação tecnológica, políticas públicas estruturantes e colaboração entre empresas, governos e sociedade civil. Investir em educação ambiental e conscientização sobre o impacto positivo de práticas sustentáveis também é essencial, pois a sustentabilidade deve ser encarada não como um custo, mas como um investimento estratégico no futuro do setor e da sociedade.
AI - Como você avalia as contribuições da Abiquim para a evolução no ambiente de negócios para indústria química nos últimos anos?
PC - A Abiquim desempenha um papel crucial na defesa dos interesses da indústria química brasileira e na promoção de um ambiente de negócios mais competitivo e sustentável. Um dos aspectos mais relevantes de sua atuação é a interlocução com o governo para discutir temas fundamentais, como tributação, regulamentação ambiental e políticas industriais que fomentem inovação e competitividade para a indústria química brasileira. A busca por um sistema tributário mais justo e simplificado assim como pela inovação nos processos e nas tecnologias, por exemplo, é essencial para garantir que o setor químico continue sendo um motor de desenvolvimento econômico no Brasil.
Além de sua atuação no âmbito regulatório, a Abiquim tem contribuído significativamente para a disseminação de boas práticas e para o fortalecimento da imagem da indústria química como um setor comprometido com a sustentabilidade e a inovação. Iniciativas como o Programa Atuação Responsável® têm sido fundamentais para engajar as empresas em ações de responsabilidade socioambiental, segurança e transparência, elevando os padrões do setor e reforçando sua credibilidade perante a sociedade.
É importante destacar o papel da associação na promoção da sustentabilidade como prioridade estratégica para o setor. A Abiquim tem sido uma voz ativa nas discussões sobre o mercado brasileiro regulado de carbono, transição energética, economia circular e inovação verde, alinhando-se às demandas globais e aos compromissos climáticos. Essa visão integrada e proativa é essencial para posicionar o Brasil como um líder em química sustentável, contribuindo para um futuro mais responsável e inovador.
AI - Espaço aberto: o que você gostaria de destacar como mensagem relevante e estratégica da sua companhia?
PC - A BASF está comprometida em ser a empresa química preferida para viabilizar a transformação verde de nossos clientes. Essa ambição está fundamentada na nossa estratégia corporativa, que redefine a forma como a companhia opera globalmente e na América do Sul, com foco em inovação, sustentabilidade e agilidade.
A química é essencial para quase todas as indústrias e desempenha um papel crucial no cotidiano das pessoas. Por isso, a empresa se posiciona como uma parceira estratégica para seus clientes, ajudando-os a transformar seus modelos de negócios em direção a soluções de baixo carbono e economia circular, com respeito ao meio ambiente e responsabilidade social. Esse compromisso se traduz em investimentos em tecnologias avançadas, como inteligência artificial, e na adoção de práticas sustentáveis, como o aumento do uso de matérias-primas renováveis e recicladas.
Além disso, estamos implementando uma estrutura organizacional mais ágil e descentralizada, permitindo maior autonomia para os negócios e os países. Outro ponto essencial é o fortalecimento de uma cultura vencedora, baseada em responsabilidade, velocidade e melhoria contínua. A BASF está promovendo mudanças significativas em sua cultura corporativa, incentivando decisões rápidas, inovação constante e uma mentalidade orientada para o desempenho. Essa base cultural é um pilar fundamental para alcançar as metas da empresa, incluindo a neutralidade de carbono até 2050 e o aumento significativo das vendas de produtos sustentáveis até 2030.