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Riscos Psicossociais: o que sua empresa precisa saber
Terca-Feira, 15 de Abril de 2025
Dra. Ana Carolina Peuker
Crédito: Marco Ankosqui
As discussões sobre a entrada em vigor da obrigatoriedade de inclusão dos fatores psicossociais no Plano de Gerenciamento de Risco (PGR) das empresas estão em andamento e, para apoiar esse processo no setor químico, a Abiquim criou um grupo de trabalho para discutir esse tema e convidou a Dra. Ana Carolina Peuker, Diretora da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV) e CEO da Bee Touch, empresa focada em saúde mental e qualidade de vida no ambiente organizacional, para responder às principais dúvidas. Confira!
Abiquim - Quais são os principais desafios que as organizações brasileiras enfrentam na identificação, avaliação e controle eficaz dos riscos psicossociais? Como a Bee Touch pode auxiliar na superação desses obstáculos?
Dra. Ana Carolina Peuker - Com a NR-1 entrando em vigor, um dos grandes desafios é traduzir o tema dos riscos psicossociais para a prática do dia a dia, especialmente em setores com operações complexas, como a indústria química. Aqui, já lidamos com rigor técnico e controles operacionais robustos, mas os fatores subjetivos, como percepção de carga de trabalho, apoio social ou equilíbrio vida-trabalho, ainda estão ganhando espaço no radar. A Bee Touch ajuda as empresas a integrar esses fatores à rotina de forma estruturada, através de IA e inteligência de dados. Utilizamos uma plataforma digital pioneira no país, a Avax, que facilita muito o mapeamento, classificação e definição de planos de ação dentro da lógica do PGR, com foco em evidências e soluções realistas.
A - Qual é o passo a passo recomendado para a implementação dessa nova exigência nos Planos de Gerenciamento de Risco?
ACP - Nada de reinventar a roda: o segredo é conectar o que já funciona com os novos requisitos. O caminho recomendado é:
1. Sensibilizar a liderança: sem engajamento do topo, a mudança perde força.
2. Escolher métodos e profissionais confiáveis já adaptadas ao contexto brasileiro e ao ambiente industrial
3. Mapear os fatores de riscos psicossociais combinando percepção dos trabalhadores, triangulando dados de ergonomia, absenteísmo, incidentes e outros indicadores organizacionais
4. Analisar riscos pela matriz do PGR frequência e gravidade orientam o plano de ação.
5. Definir medidas práticas a partir dos dados e não da intuição, como programas de capacitação, reorganização de turnos ou canais de escuta ativa, por exemplo. O importante é conhecer as demandas de cada ambiente analisado, que mesmo dentro de uma mesma empresa podem ser muito diferentes. Por isso, trabalhar com software e inteligência de dados ajuda muito.
6. Monitorar resultados e ajustar rotas, o importante é manter o ciclo de melhoria contínua, conforme a lógica da ISO 45003.
A - Quais ferramentas ou metodologias a Bee Touch está desenvolvendo ou adaptando para ajudar as empresas a atenderem a essa nova norma?
ACP - Estamos aplicando o método Avax, criado pela Bee Touch e aprimorado ao longo de 12 anos, que já apoia empresas de diversos setores, inclusive indústrias com operações críticas. Ele permite:
• Aplicação em massa;
• Classificação automatizada de riscos com base na matriz do PGR;
• Geração de relatórios e planos de ação vinculados ao grau de risco identificado;
• Acompanhamento da eficácia das intervenções com indicadores contínuos.
Nosso foco é ajudar as empresas a cumprirem a norma sem perder a visão da realidade operacional, especialmente em ambientes que exigem precisão e previsibilidade, como o químico.
A - Dada a complexidade e subjetividade dos riscos psicossociais, quais métricas e indicadores são mais relevantes para monitorar a eficácia das ações de prevenção e controle implementadas nos PGRs?
ACP - Antes de falar em métrica, vale um alerta: o caminho não é sair correndo atrás de escalas isoladas ou aplicar questionários soltos como se fossem varinha mágica. Com a ampliação da norma, surgiram muitos “especialistas” de última hora, mas é preciso ter critério: o que funciona mesmo é adotar um método estruturado, baseado em ciência, com profissionais capacitados e experiência aplicada, especialmente em setores de alta complexidade como o químico.
Agora sim, falando de indicadores: boas métricas combinam ciência com o que a empresa já monitora na prática. Entre os mais relevantes, estão:
• Percepção dos trabalhadores sobre apoio da liderança, carga de trabalho e não apenas “checklists”;
• Absenteísmo por adoecimento mental;
• Presenteísmo, aquele famoso “corpo presente, mente distante”;
• Rotatividade por setor ou função;
• Participação em ações de promoção da saúde;
• Incidência e evolução de afastamentos com CID F;
• Comparação de resultados ao longo do tempo para ver se os riscos estão diminuindo e se as ações estão gerando impacto, são alguns exemplos.
Esses dados ajudam a contar a história do ambiente de trabalho com mais clareza e com menos suposições. O melhor é que permitem sair do reativo e ir para o preventivo, que é justamente o que a norma pede.
A - Que conselhos práticos você daria para as empresas que ainda não iniciaram o processo de adequação a essa nova norma?
ACP – Para descomplicar:
• Comece por um diagnóstico e avalie o que você já tem - ergonomia, dados de RH e segurança já trazem informações valiosas;
• O mais importante é agir com base em uma abordagem coerente, com base científica e documentada;
• Inclua os trabalhadores no processo; a escuta ativa é parte da solução;
• Integre o psicossocial ao que já existe; não precisa virar um projeto à parte.
Explore as iniciativas da Abiquim e descubra como a entidade contribui para o bem-estar da sociedade, abordando este e outros temas cruciais! solucoes@abiquim.org.br