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Neoindustrialização do Brasil depende de química forte
Quinta-Feira, 23 de Maio de 2024
Setor necessita de estímulos para ampliar competitividade e acelerar transição para uma economia verde
André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, iniciou seu discurso enfatizando a situação crítica causada pelas fortes chuvas no sul do País e a mobilização do setor químico na busca por o transporte de gases medicinais, essenciais para o bom funcionamento dos hospitais. “Sabemos a gravidade dos riscos logísticos com dezenas de bloqueios totais ou parciais nas estradas do Rio Grande do Sul, mas estamos atentos e focados em manter a produção e a entrega destes produtos, essenciais no cuidado com a vida humana. Estamos também apoiando financeiramente as vítimas dessa tragédia ambiental e, por meio de nossas redes sociais, incentivando o engajamento da sociedade no canal de doações aberto pelo governo do Rio Grande do Sul”, ressaltou o dirigente, expressando solidariedade aos familiares das vítimas e a todas as pessoas desabrigadas ou que perderam bens na enchente.
Abrindo o evento, Passos lembrou a crise que o setor químico enfrenta, mas se mostrou otimista: “Não é a primeira vez que a indústria química brasileira é testada em um cenário adverso, e certamente não será a última. Nos 60 anos desde a criação da Abiquim, a indústria química já passou por crises climáticas, econômicas e humanitárias, e sempre foi capaz de cumprir seu papel com excelência: o papel de fornecer insumos essenciais para a saúde, a qualidade de vida, e o conforto da população, produzindo com segurança para o trabalhador e o meio-ambiente, e buscando inovar com o objetivo de prover melhores soluções.”
Como parte das celebrações dos 60 anos da Abiquim, Passos, disse que o objetivo do seminário “A Importância da Indústria Química para a Sociedade e a Transição para a Química Verde”, é ampliar as discussões sobre a importância da indústria química para o bem-estar da sociedade, a geração de riquezas para o País, e a transição para um modelo econômico sustentável, em consonância com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, preconizados pela Organização das Nações Unidas.
Segundo o dirigente da Abiquim, as inovações e ganhos ambientais do setor geram benefícios multiplicados na cadeia produtiva já que todos os segmentos industriais compram insumos e matérias-primas da indústria química, tanto em sua atividade produtiva, quanto no armazenamento e transporte de bens. “Seja pela adoção de processos mais limpos ou pelo aumento do uso de energia renovável, o setor químico cortou em 44% as emissões de gases de efeito estufa considerando o ano-base 2006. Considerando que a matriz energética brasileira é mais limpa que a norte-americana e dos países europeus, nossa produção tem emissões significativamente menores que dos nossos países concorrentes. Isso significa que podemos liderar os esforços rumo a uma economia de baixo carbono em todo o planeta. É uma tremenda oportunidade que se coloca para o Brasil.”
Porém, continuou Passos, outros países também estão atentos ao futuro verde, e têm utilizado ferramentas de defesa do setor industrial, que apresentam desafios à competitividade da indústria brasileira. “Aqui, ainda lidamos com energia e matéria-prima muito mais cara que nossos concorrentes globais. Também temos um custo logístico e de burocracia que não se compara aos países líderes na Química global. E como um reflexo das políticas adotadas no Brasil e no exterior, temos visto nos últimos anos um grande aumento de importações de produtos químicos a preços predatórios e com efeitos deletérios à indústria, ao meio-ambiente, ao emprego e à renda produzida no Brasil”, completou.
Por fim, Passos adiantou que o evento debateria os caminhos para que os setores público e privado possam atuar em conjunto pelo desenvolvimento econômico sustentável do País. “Temos capacidade, tecnologia, know-how e disposição de sobra.”