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Déficit em produtos químicos deverá ser recorde, de US$ 64,8 bilhões, em 2022

Quarta-Feira, 16 de Novembro de 2022

Nem mesmo forte desaceleração em quantidades importadas

no segundo semestre conterá essa inédita e alarmante marca



No acumulado do ano, até outubro, as importações de produtos químicos somaram US$ 69 bilhões e as exportações chegaram a US$ 14,8 bilhões, aumentos de respectivamente 42,1% e de 28,1% na comparação com igual período de 2021. Como resultado, o déficit na balança comercial de produtos químicos, entre janeiro e outubro, somou US$ 54,2 bilhões, o que representa um espantoso aumento de 46,5% em relação ao mesmo período do ano passado e, mesmo ainda faltando dois meses para o encerramento deste ano, já se supera em US$ 8 bilhões o maior déficit anual da história da balança comercial de produtos químicos, de US$ 46,2 bilhões, registrado em 2021.

 

Em termos de quantidades, contudo, em praticamente todos os grupos de produtos acompanhados foram registrados recuos, em especial de resinas termoplásticas (16,6%), de petroquímicos básicos (7,5%) e até mesmo de intermediários para fertilizantes (2,2%), totalizando 49,2 milhões de toneladas, até outubro, adquiridas a preços médios gerais 43,4% superiores àqueles de igual período de 2021. As exportações, por sua vez, em números absolutos muito menores, tiveram, até outubro, comportamento estável (retração de 0,2%), computando 13,2 milhões de toneladas, no contexto da intensificação das preocupações com as perspectivas de recessão global para 2023 e das dificuldades conjunturais econômicas e cambiais da Argentina, principal parceiro comercial na região.

 

Em outubro, especificamente, o Brasil importou US$ 6,5 bilhões em produtos químicos, aumento de 6% frente ao mesmo mês do ano passado, mas importantes quedas de 11,2% em relação a setembro e de 21,1% sobre agosto. Desde julho de 2022, quando foram registradas compras vindas do exterior de pouco mais de 6 milhões de toneladas, as quantidades importadas têm desacelerado consistentemente, tendo atingido o montante de 4,5 milhões de toneladas em outubro, número 8,9% menor do que em setembro e 26,7% inferior ao de outubro em 2021.

 

Considerando o desaquecimento das importações em volumes, ao longo do segundo semestre, acompanhado por reduções mais lentas nos preços dos importados, bem como os sinais de que o quadro não deve se alterar significativamente no último bimestre, até o final do ano deverá ser registrado um déficit recorde, da ordem de US$ 64,8 bilhões. Até dezembro, as importações deverão totalizar inéditos US$ 82,6 bilhões, ao passo que as vendas externas US$ 17,7 bilhões, aumentos de respectivamente 36% e 22,4% em relação ao ano de 2021. Em termos de volumes, por sua vez, as quantidades importadas deverão superar 58,7 milhões de toneladas e as exportações poderão totalizar 16 milhões de toneladas, retrações, respectivamente, de 18,9% e de 12,9%, na mesma comparação com o ano passado.

 

Para a Diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna, os resultados da balança comercial em produtos químicos, comprovam o elevado dinamismo do comércio exterior setorial, mas sinalizam a urgente necessidade de políticas industriais para o fortalecimento competitivo e de políticas comerciais baseadas em segurança jurídica, previsibilidade e respeito às normas internacionais. “Nos contextos da redefinição das cadeias de valor (e de planejamento estratégico da produção), da nova ordem econômica no pós-pandemia (e de novas políticas públicas pelo desenvolvimento industrial) e da Guerra na Ucrânia (e de incertezas geopolíticas e de grave crise energética com impactos imediatos em disponibilidade e custos de insumos energéticos, críticos para a competitividade), alguns setores industriais, como a química, são mais sensíveis às oscilações da conjuntura internacional, demandando uma atenção dirigida ao enfrentamento desses desafios por meio de políticas comerciais que neutralizem as ameaças e pressões externas e de políticas industriais que fomentem a atração de investimentos produtivos capazes de estabelecer o equilíbrio necessário para a sustentabilidade da recuperação da atividade econômica e geração de empregos e renda”, avalia a diretora Fátima Giovanna.