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Cenário mundial motiva queda na produção e nas vendas internas de químicos em agosto de 2022

Terca-Feira, 27 de Setembro de 2022

Resultados ruins puxam acumulado do ano e dos últimos 12 meses para baixo, mas

apesar da crise global, importações sobem pelo segundo mês consecutivo



Os principais índices do segmento de produtos químicos de uso industrial registraram resultados negativos em agosto de 2022, na comparação com o mês anterior, conforme dados preliminares dos indicadores Abiquim-Fipe. A produção recuou 4,23%; já em relação ao mesmo mês do ano passado, o declínio foi 10,76%. Tais dados mostram que agosto de 2022 foi o pior agosto em termos de produção desde 2007. E os números das vendas internas refletem o mesmo cenário: elas sofreram um decréscimo de 3,76% em agosto deste ano e tiveram um recuo de 5,96% na comparação com igual mês de 2021.

 

Por outro lado, apesar do cenário internacional adverso, o volume de importações teve elevação de 5,3% em agosto, tendo sido a segunda alta mensal consecutiva. Em julho, as importações haviam crescido 8,4%. Com esses resultados, a demanda interna, medida pelo CAN (consumo aparente nacional), exibiu alta de 1,4% no último mês de análise, mas ficou 1,7% abaixo da de agosto do ano passado. O nível de utilização da capacidade instalada ficou no patamar de 68% em agosto, registrando ligeira piora em relação ao valor de 69% do mês anterior, com declínio de expressivos seis pontos em relação a agosto do ano passado. No que se refere ao índice de preços, o segmento teve deflação nominal de 1,33% no mês, após a elevação de 0,26% de julho.

 

Confira, na tabela abaixo, os principais indicadores do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim:



Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, a economia mundial está passando por um período delicado em termos de energia, sobretudo em decorrência do conflito entre Rússia e Ucrânia. “Os preços dos energéticos em geral (óleo, gás e eletricidade) têm subido de forma intensa, a confiabilidade de suprimento tem sido prejudicada e não há expectativa de uma solução de curto prazo, o que pode levar a Europa, inclusive, à necessidade de racionamento, durante o pior período do ano (inverno).”

 

Ferreira afirma que a indústria química europeia e a brasileira, que tem sua base de produção ancorada em matérias-primas oriundas do petróleo, como nafta, sofre diretamente com esse cenário adverso. No Brasil, cerca de 70% da nafta consumida localmente e metade do gás demandado vem sendo supridos por importações. “Os preços do gás no Brasil antes do conflito custavam o dobro do americano e o triplo do europeu, mas esses valores estão sendo pressionados pela forte alta na cotação do GNL, atualmente, cuja referência foi multiplicada por quatro nos primeiros seis meses deste ano e sem perspectivas de arrefecimento no curto prazo.”

 

O gás está custando mais de US$ 20/MMBTU no Brasil, enquanto a referência americana está perto de US$ 7,5/MMBTU. Em meio a esse cenário, continua Ferreira, o Real se valorizou 0,18%, em relação ao dólar, em agosto de 2022, sendo que já havia se valorizado 0,95% em julho. Os preços do petróleo Brent e da nafta petroquímica no mercado internacional, convertidos para reais, apresentaram queda de 13,08% e de 17,19%, respectivamente, na comparação com o mês de julho.

 

Nos últimos doze meses, até agosto de 2022, o índice de quantum da produção recuou 0,64%, demonstrando forte desaceleração no ritmo de desempenho em relação ao resultado dos doze meses anteriores, ocasião em que a variável havia crescido 0,34% (entre agosto de 2021 e julho de 2022). Já o índice de quantum das vendas internas caiu 4,19%, sinalizando uma ligeira melhora na taxa anualizada das vendas internas em relação ao resultado anterior, quando havia exibido queda de 4,68%. No mesmo período, as importações recuaram 3,0%, e as exportações cresceram 4,6%, mas com forte desaceleração em relação aos doze meses encerrados em junho de 2022, ocasião em que as exportações exibiam alta de 10%. No que se refere ao CAN, a variável apresenta elevação de 0,6%, com declínio em relação à comparação anterior (+1,5%), que cobriu o período entre agosto de 2021 e julho de 2022.