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Déficit de US$ 29,7 bi é recorde para o semestre, puxado por forte alta 53,8% de importações

Terca-Feira, 12 de Julho de 2022

Valor acumulado em apenas seis meses supera grande parte

dos déficits anuais das últimas três décadas



As importações brasileiras de produtos químicos no primeiro semestre do ano totalizaram US$ 38,5 bilhões, aumento de expressivos 53,9% em relação ao igual período do ano passado e superando em U$ 13,5 bilhões o maior valor até então registrado para igual período, de US 25 bilhões, entre janeiro e junho de 2021 (ano do déficit recorde de US$ 46,2 bilhões em produtos químicos). Em uma avaliação mensal, o total importado tem sido seguidamente superado, atingindo, no mês de junho de 2022, o montante inédito de praticamente US$ 8 bilhões para um único mês.

 

Em termos de quantidades adquiridas, as movimentações de produtos químicos foram recorde com as importações de 28,5 milhões de toneladas, importante aumento de 7,6% em relação ao primeiro semestre de 2021 apesar dos desafios logísticos, no contexto dos bloqueios sanitários aplicados em importantes praças asiáticas no combate contra o recrudescimento da pandemia, e de suprimento internacional com o prolongamento por todo o semestre da guerra da Rússia contra a Ucrânia.


As exportações brasileiras de produtos químicos, por sua vez, somaram US$ 8,8 bilhões no semestre, elevação de 36,4% em relação aos mesmos meses do ano anterior. Tal resultado é devido ao aumento de 40% nos preços de vendas pelo Brasil aos seus parceiros comerciais, pois, em termos de quantidades físicas foi registrado, contudo, um recuo de 2,6%.

 

O déficit acumulado da balança comercial de produtos químicos atingiu o recorde de US$ 29,7 bilhões para primeiros semestres, um expressivo aumento de 60% comparado com o mesmo período de 2021. Tal resultado no semestre é superior a grande parte dos déficits anuais nos últimos 30 anos. Nos últimos 12 meses (jul/21 a jun/22), esse indicador totalizou US$ 57,3 bilhões, sinalizando que o déficit em 2022 deverá ser o maior em toda a série histórica do monitoramento da balança comercial setorial.

 

Para a Diretora de Assuntos de Comércio Exterior e Administrativa da Abiquim, Denise Naranjo, os resultados da balança comercial em produtos químicos no primeiro semestre são emblemáticos e demonstram como a elevada dependência externa brasileira em produtos estratégicos, que poderiam ser fabricados no Brasil em condições de competitividade mais favoráveis, ameaça o próprio desenvolvimento sustentável do País. “O primeiro semestre de 2022, marcado pela turbulência na oferta global de logística e de insumos e de matérias-primas por razões da Guerra da Rússia contra a Ucrânia e do combate contra nova fase da pandemia da COVID19, nos traz o urgente alerta de que é inaceitável o atual patamar de dependência externa em produtos estratégicos para um país do tamanho e da relevância global do Brasil. Somente com uma Política Industrial robusta que, no curto prazo dê garantias operacionais como a extensão do Regime Especial da Indústria Química – REIQ, no médio prazo equilibre os desafios de infraestrutura e logística e no longo prazo resolva as assimetrias de competitividade entre o Brasil e outros players globais é que se viabilizará um cenário favorável à atração de novos investimentos que alavanquem o desenvolvimento sustentável da economia”, destaca Denise.