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Resultados negativos de abril afetam 1º quadrimestre de 2022
Segunda-Feira, 30 de Maio de 2022
Vendas internas e demanda local desaceleram nos primeiros quatro meses do ano, mas
produção se mantém alta, estimulada pelas exportações
Em abril, o índice de produção e o de vendas internas Abiquim-FIPE dos químicos de uso industrial caíram, 3,45% e 9,16%, respectivamente, em relação ao mês anterior, assim como a demanda interna que registrou uma queda de 3,4%. Consequentemente, a capacidade instalada da indústria que havia alcançado a média de 83% em março, voltou ao resultado aquém do esperado, com média de apenas 74% em abril de 2022.
Em relação ao índice de preços Abiquim-Fipe, após três meses de deflações consecutivas, o IGP teve alta nominal de 3,41% em abril. Além do cenário interno conturbado e do ambiente internacional de apreensão por conta da instabilidade geral de preços dos energéticos e das matérias-primas básicas da química, as empresas também apontaram a ocorrência de paradas programadas para manutenção, alguns problemas operacionais, necessidade de equalização de estoques e demanda desaquecida para explicar os recuos quase que generalizados em abril.
Para potencializar esse quadro, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, relaciona ainda outros fatores como a desvalorização do Real (3,83% em relação ao dólar em abril), alta nos preços do petróleo, nafta petroquímica e do gás natural, encarecimento dos custos relacionados à logística internacional, as restrições ao mercado global e as preocupações com o conflito entre Rússia e Ucrânia, bem como com relação à pandemia de Covid-19, que vem trazendo novas necessidades de confinamentos na China.
Acompanhe, na tabela abaixo, os principais indicadores do Relatório de acompanhamento conjuntural (RAC) da Abiquim:
No Brasil, continua a diretora da Abiquim, com o maior despacho das termelétricas movidas a gás e com o aumento no preço do GNL importado houve encarecimento nas tarifas de energia elétrica, sobretudo da parcela de encargos, que elevam os custos da química. “A preocupação mais recente está relacionada ao anúncio, por parte do governo da Bolívia, de redução da oferta de gás ao Brasil em cerca de 30%, o que pode elevar a demanda nacional por GNL importado”, destaca Ferreira.
No acumulado do 1º quadrimestre de 2022, em relação a igual período do ano passado, os indicadores dos produtos químicos de uso industrial apresentam os seguintes resultados: índice de produção +6,6%, índice de vendas internas -3,8%, volume de importações -18,7%, volume de exportações +6,7% e demanda interna (CAN) -2,2%.
Vale registrar que a participação dos produtos importados em relação à demanda doméstica recuou para 37% nos primeiros quatro meses do ano, oito pontos percentuais abaixo do patamar de 45% registrado nos primeiros quatro meses do ano passado. Esse desempenho carrega todos os efeitos negativos do cenário adverso internacional, já comentado.
Nos últimos 12 meses, a produção cresceu 5,55%, com desaceleração em relação aos resultados do período de 12 meses findos em março. Já o índice de vendas internas recuou 5,95%, registrando nova piora em relação ao resultado dos 12 meses anteriores (-3,98%), comportamento que vem se mantendo desde maio do ano passado. O volume total de importações, com crescimento de 1,0% nos últimos 12 meses, desacelerou de forma intensa na comparação com a alta acentuada de 2021, quando as importações haviam subido 10,6% sobre o ano de 2020.
Ainda assim, no período dos últimos 30 anos, as importações aumentaram muito acima do que cresceu a demanda, em razão da falta de competitividade e da consequente descontinuidade operacional de diversas linhas de produção, chegando a bater o recorde de 47% do mercado doméstico no final de 2021.
Ferreira alerta sobre a dependência brasileira em setores tão estratégicos, como o do agronegócio. “O país precisa aproveitar esse momento e pensar em como crescer de forma sustentada, especialmente nos segmentos em que há vocação natural e vantagens comparativas, além do enorme mercado. Como exemplo, o último Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) indica que a safra nacional de grãos deverá alcançar o recorde de 261,5 milhões de toneladas em 2022, com alta de 3,3% em relação a do ano passado.”
A executiva da Abiquim afirma que as importações de fertilizantes e de defensivos para atender às necessidades do agronegócio brasileiro encontram-se em níveis alarmantes. Por essa razão, a Abiquim vem registrando essa questão da dependência e da vulnerabilidade que precisam ser enfrentadas. Na edição do RAC Abril de 2018, foi feito o destaque “falta de política para o uso do gás natural matéria-prima tem levado ao fechamento de várias fábricas, contribuindo para o aumento da dependência por produtos importados em setores estratégicos”.
“Vale, mais uma vez, enfatizar que, naquele momento, a Abiquim fazia uma reflexão sobre a decisão de fechamento das unidades de intermediários para fertilizantes das Fafens e de diversas outras unidades, que levaram a uma redução na demanda por gás natural como matéria-prima de quase 50% no segmento. De lá para cá, tanto a pandemia como a crise energética internacional, resultado do conflito desencadeado pela Rússia, vêm mostrando exatamente o que havia sido destacado.”