Identificação
Trocar a senha
Cadastre-se
Título
APOIO:
ANUNCIE
AQUI
Químicos: produção sobe 12,26% e vendas internas têm alta de 16,37% no trimestre
Terca-Feira, 03 de Maio de 2022
Cenário internacional, câmbio e logística fazem indústria química ganhar competitividade
O índice de produção Abiquim-FIPE dos químicos de uso industrial teve alta de 12,26% em março de 2022, enquanto o de vendas internas subiu 16,37%, ambas variações sobre fevereiro. No mesmo período, a demanda interna aumentou 3,5% e o índice de utilização da capacidade instalada alcançou o patamar de 83%, melhor resultado para um mês de março desde 2013, e dez pontos percentuais acima da média de igual mês do ano passado.
Os preços praticados no mercado doméstico, registraram deflação de 0,99% em março, o terceiro recuo consecutivo. No mesmo período, no que diz respeito ao mercado internacional, houve impacto significativo do conflito entre Rússia e Ucrânia refletido nos preços das commodities (o barril de petróleo tipo Brent alcançou o patamar de US$ 110,9/barril no final do mês, a nafta petroquímica chegou ao valor de US$ 1.006/tonelada e o gás natural saltou para mais de US$ 30/MMBTU na Europa), trazendo perspectivas de impactos nos preços dos produtos químicos para os próximos meses e no encarecimento dos custos relacionados à logística internacional. No Brasil, pela necessidade de maior despacho das termelétricas movidas a gás e com o aumento do GNL importado houve impacto também nas tarifas de energia elétrica.
Veja na tabela abaixo os principais indicadores do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC), da Abiquim:
O aumento da produção no primeiro trimestre de 2022, em um período de recuo da demanda local (vide tabela acima), possibilitou melhora considerável do volume exportado, que subiu 12,8% entre janeiro e março deste ano, sobre iguais meses do ano anterior. No que se refere aos preços, o segmento de produtos químicos de uso industrial apresentou deflação nominal de 4,11%, conforme resultados do IGP Abiquim-FIPE, no acumulado dos três primeiros meses do ano, após alta, também nominal, de 62,3% entre janeiro e dezembro de 2021.
Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, destaca a forte correlação da química com o comportamento dos preços do petróleo, do gás e da nafta petroquímica no mercado internacional e com o ritmo da demanda global por produtos do segmento. Com o recuo de vendas e de preços no mercado interno no início deste ano, ela chama a atenção, especificamente para a química, a preocupação com a possibilidade de eliminação do único benefício destinado ao setor, o Regime Especial da Indústria Química (Reiq), que pode piorar o quadro.
A diretora da Abiquim também alerta sobre o volume das importações muito acima do que cresceu a demanda no período dos últimos 30 anos, em razão da falta de competitividade e da consequente descontinuidade operacional de diversas linhas de produção. Após alcançar a fatia de 47% do mercado doméstico no final de 2021, a participação das importações sobre a demanda caiu para 44% na média dos últimos doze meses, até março de 2022, reduzindo ainda mais no 1º trimestre, quando alcançou o peso de 37%. “Ainda assim, nos últimos 12 meses, as importações totais de produtos químicos chegaram a US$ 65,82 bilhões, enquanto as exportações ficaram em US$ 15,78 bilhões, o que resultou em um déficit na balança comercial do total de produtos químicos recorde de US$ 50,04 bilhões no período”, alerta.
Ela ressalta ainda que em um momento internacional tão delicado, não só em relação à pandemia, mas também por conta das restrições que estão sendo impostas à Rússia, cabe uma reflexão sobre o risco da dependência e a vulnerabilidade em cadeias estratégicas e relacionadas à segurança alimentar e de saúde.
“O país precisa aproveitar esse momento e pensar em como crescer de forma sustentada, especialmente nos segmentos em que há vocação natural e vantagens comparativas. A Abiquim vem registrando essa questão há alguns anos. Cabe, uma vez mais, salientar a essencialidade e a relevância e importância estratégica da indústria química para o Brasil e a necessidade de se expandir a capacidade produtiva de forma que se possa atender ao crescimento da demanda local, criando empregos e gerando riqueza para a sociedade brasileira. A indústria química é hoje a terceira maior em termos de PIB industrial, mas é a primeira em arrecadação de tributos federais, com mais de R$ 40 bilhões nos últimos 12 meses encerrados em janeiro de 2022, o que não pode ser desprezado”, finaliza.