APOIO:

ANUNCIE

AQUI

Home > Notícias Abiquim
Notícias Abiquim

Método usado para pesquisa vírus da zika recebe o Prêmio Nobel de Química

Quinta-Feira, 12 de Outubro de 2017

Criomicrocospia eletrônica permite a observação em alta resolução das biomoléculas e seus processos

 

São Paulo, 06/10/2017 – O Prêmio Nobel da Química de 2017 foi concedido aos cientistas Jacques Duboceht, da Universidade de Lausanne; Joachim Frank da Universidade de Columbia e Richard Henderson da Universidade de Cambridge, pelo desenvolvimento da “criomicrocospia eletrônica para a determinação estrutural de alta resolução de biomoléculas em soluções”. O anúncio feito pela Academia Real das Ciências da Suécia, no dia 4 de outubro.

A “criomicrocospia eletrônica” é uma técnica que permite observar em alta resolução as biomoléculas. O método é uma evolução da microcospia eletrônica, que usa feixe de elétrons para visualizar minúsculas estruturas e até mesmo a posição individual de átomos. Porém o feixe usado acabava incinerando o material biológico analisado, como o DNA, RNA e proteínas.

O método criado pelos laureados levou a bioquímica a uma nova era, pois agora é possível congelar biomoléculas e visualizar processos que nunca tinham visto antes, o que é decisivo para o entendimento básico da química da vida e do desenvolvimento de medicamentos.

A técnica já foi usada para o estudo do vírus da zika e para a observação molecular do fenômeno da resistência bacteriana, quando bactérias não mais respondem aos antibióticos disponíveis. O que permite aos cientistas observar por quais vias moleculares o fenômeno ocorre e o que pode ser feito para que ele seja evitado.

O presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e professor do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Aldo Zarbin, afirma que escolha dos vencedores foi uma grande surpresa e extremamente interessante. “O Nobel valorizou um trabalho que tem um grande impacto científico e tecnológico, que é a criação da criomicrocospia”. Segundo o professor, o Instituto Nobel gosta de premiar quem desenvolve técnicas revolucionárias: “Cristalografia (estudo de como os átomos se arranjam dentro de estruturas) e RMN (ressonância magnética nuclear) tiveram mais de um prêmio”. 

“Este trabalho começou nos anos 70 e os últimos resultados são muito recentes. Um trabalho que permite visualizar moléculas biológicas em seu habitat e com resolução atômica. Vai além da ressonância magnética nuclear, da difração do raio-x. É um trabalho de extrema importância. Um dos exemplos é a visualização do vírus da zika, o que proporcionou a correlação entre o vírus e a microcefalia, feita por pesquisadores brasileiros com esta técnica”, completou.

O presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, afirma: “A premiação deste trabalho é mais uma demonstração de que a química é a ciência que mais promove inovações revolucionárias e por isso foi a ciência que mais colaborou com o desenvolvimento sustentável nos últimos 100 anos e mais contribuirá para o desenvolvimento sustentável do planeta”.

 

Sobre os cientistas

Nascido em 1942 na Suíça, Jacques Dubochet é professor honorário de Biofísica na Universidade de Lausanne; Joachim Frank nasceu em 1940, em Siegen (Alemanha) e trabalha na Universidade de Columbia de Nova York, e Richard Henderson, nascido na Escócia em 1945, é professor de Biologia Molecular na Universidade britânica de Cambridge.

Após cinco anos a Fundação Nobel aumentou a premiação concedida aos laureados, que receberão 9 milhões de coroas suecas (equivalente a cerca de R$ 3,4 milhões), a ser dividido entre os premiados.