APOIO:

ANUNCIE

AQUI

Home > Notícias Abiquim
Notícias Abiquim

2º Encontro Nacional de Colas, Adesivos e Selantes avalia o impacto da Covid-19 nos setores clientes e as ações em prol da economia circular

Terca-Feira, 17 de Novembro de 2020


A Comissão Setorial de Colas, Adesivos e Selantes da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) realizou, no dia 12 de novembro, por meio online, o “2º Encontro Nacional de Colas, Adesivos e Selantes”, com os painéis: “Análise de impactos da Covid-19 no mundo e nos segmentos calçadista, embalagens e moveleiro” e “Mesa Redonda: Economia Circular & Sustentabilidade no setor de adesivos”, além da apresentação das Estatísticas 2019 do setor de colas, adesivos e selantes. O evento foi transmitido ao vivo no canal da Abiquim no YouTube. 


Reprodução: YouTube/Abiquim


A pandemia de Covid-19 afetou de forma diferente os setores calçadista, de embalagens e moveleiro, clientes do segmento de colas, adesivos e selantes. A superintendente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Ilse Guimarães, explicou que o segmento calçadista foi severamente afetado no ápice da pandemia de Covid-19 no Brasil, em abril, quando a produção do setor caiu 24%, em relação ao volume produzido em janeiro de 2020.

Segundo a superintendente da Assintecal, os calçados com menor valor agregado, destinados à classe C devem ser os mais consumidos devido ao impacto positivo do auxílio emergencial, concedido pelo governo federal, que fez uma parcela 15 milhões de pessoas ‘subirem’ para a classe C, ao mesmo tempo em que parte da população da classe B teve queda de renda. Ilse ressaltou que o setor pode ser um dos protagonistas da retomada econômica, pois em setembro, a produção de calçados no Brasil foi de 81 milhões de pares, volume próximo ao registrado no mesmo período do ano passado, quando a produção foi de 84 milhões. Sobre o segmento de móveis, ela afirmou que a pandemia gerou mudanças nos hábitos do consumidor. “As pessoas passaram a ficar mais em casa e como consequência o setor teve aumento de 40% na demanda em relação ao período pré-pandemia”. 

O CEO da Arezzo, Alexandre Birman, explicou que após a queda nas vendas no segundo trimestre do ano, o grupo, que possui mais de dez marcas, apresenta retomada do crescimento e já supera o patamar de março deste ano. Segundo Birmam, foi preciso muita reinvenção na gestão das marcas durante o período mais agudo da pandemia. “Alongamos prazos para os franqueados e não cancelamos pedidos dos fornecedores. Ficamos com um estoque muito grande e fortalecemos a plataforma online”.

O grupo também investiu em novas coleções, lançadas a cada 15 dias, e em campanhas de marketing com a cantora Manu Gavassi e a atriz Marina Ruy Barbosa. Birmam também destacou a importância de diversificar o negócio e atualmente, cerca de 30% da receita do grupo é originário da linha de vestuário. Outra inovação foi o lançamento da marca BriZZa, especializada em chinelos de dedo e bolsas, com uma campanha estrelada pela atriz Bruna Marquezine. “Quadruplicamos o investimento em marketing, teremos um recorde na produção com 2 milhões de calçados e 300 mil bolsas e tivemos aumento nas vendas em setembro, outubro e novembro. A expectativa é de um Natal excelente”, confirmando o otimismo de recuperação do setor.  

O impacto da pandemia no segmento de moda e a evolução das vendas pela plataforma online foram destacados pela sócia da consultoria Bain & Company, Luciana Batista. A projeção da consultoria é que o setor tenha no quarto trimestre resultado 6% inferior ao mesmo período do ano passado nas vendas, sendo que no segundo trimestre o resultado foi 62% inferior em comparação com o mesmo período de 2019.  

Luciana destacou o desenvolvimento do e-commerce durante a pandemia. “18% das vendas do setor em 2020 serão online, o que muda a forma como a cadeia se comunica com o cliente e o perfil de embalagem”. A mudança no perfil do consumidor também foi destacada. “O consumidor tem cada vez mais identificação com as marcas e suas causas, e está mais preocupado com saúde e segurança dos trabalhadores, com a economia circular em todo o ciclo de vida do produto”, finalizou. 

Economia circular 

Reprodução: YouTube/Abiquim


A Mesa Redonda: Economia Circular & Sustentabilidade no setor de adesivos reuniu representantes da indústria química para debater as ações em prol de tecnologias que possibilitem a economia circular de toda a cadeia. “As indústrias precisam desenvolver produtos pensando na circularidade e no impacto para a sociedade. É preciso trabalhar avaliando como continuar abastecendo a sociedade dentro dos limites do planeta. O crescimento das cidades não acompanhou a dinâmica de produção dos resíduos e como eles devem ser reinseridos”, explicou a diretora executiva da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), Luciana Pellegrino.

Outro conselho dado pela executiva é que as empresas precisam entender o que acontece com as embalagens depois que o produto foi consumido. “As empresas precisam avaliar a circularidade dos materiais usados na produção das embalagens e na estrutura da logística existente para fazer a reciclagem”. 

A pesquisadora do Centro de Tecnologia de Embalagem (CETEA), Leda Coltro, analisou os requisitos necessários para o desenvolvimento de embalagens fáceis de ser recicladas. “Ao mesmo tempo em que os rótulos e embalagens precisam de adesivos e colas eficientes, eles também precisam ser facilmente removíveis para não contaminar o material reciclado”. 

Leda explicou que durante o desenvolvimento é preciso dar preferência à adoção de embalagens com um único material, o que facilita o processo de reciclagem e reduzir o uso de componentes que interferem na qualidade do material reciclado. Sobre a reciclagem das embalagens plásticas, a pesquisadora explicou que as rígidas são mais fáceis de reciclar do que as flexíveis e para o caso dos produtos menores, como ‘tampinhas’, uma solução são as campanhas que incentivam a reciclagem. 

Para enfrentar os desafios da sustentabilidade, a 3M passou a atuar em três pilares: “Ciência para Circularidade, com soluções para produzir mais com menos material; Ciência para o Clima, que busca descarbonizar a indústria e acelerar soluções globais para o clima; e Ciência para a Comunidade, para criar um mundo mais positivo por meio da ciência e inspirar pessoas, trabalhando a diversidade e a inclusão”, afirmou a especialista de Toxicologia da 3M, Mariana Penteado Soares. 

Dentro do pilar Ciência para Circularidade, a executiva apresentou o “Programa de Reciclagem de Esponjas Scotch –Brite”, desenvolvido em parceria com a TerraCycle, o projeto envolve a população que coleta as esponjas, leva a um dos mais de 2,6 mil pontos de coleta e que já reciclou mais de 1.9 milhões de esponjas. As pessoas recebem pontos por unidade de resíduo enviado e que são revertidos em doações financeiras para uma entidade sem fins lucrativos ou escolas.

O investimento na capacitação técnica de recicladores é feito por meio de contribuições financeiras para o programa de reciclagem “Dê a Mão para o Futuro”. “Os recursos arrecadados são usados na compra de equipamentos, capacitação técnica e de gestão dos recicladores”. Nas plantas, a circularidade é exercida por meio do “Projeto CirculEar”, que promove o reúso e a reciclagem do resíduo gerado no processo produtivo dos protetores auriculares de espuma.  

Segundo a diretora de Economia Circular e Reciclagem da Braskem, Fabiana Quiroga, o setor produtivo trabalha na mudança da economia linear para circular. “Essa transformação é necessária e, para isso, foram assumidos compromissos de até 2050 alcançar a neutralidade de carbono, até 2025 produzir 300 mil toneladas de resinas e produtos químicos com conteúdo reciclado e chegar à marca de 1 milhão de toneladas até 2030. Além de recuperar 1,5 milhão de toneladas de resíduos plásticos até 2030 e 100% das embalagens plásticas devem ser reutilizadas, recicladas ou recuperadas até 2040”.

Sobre as embalagens, Fabiana reiterou que é importante utilizar o design como caminho para facilitar a reciclagem. “Incluindo ações como a adoção de embalagens mono produto, mudando a cor das big bags da própria empresa de marrom para branco, ampliando o leque de utilização do produto reciclado, e diminuindo as impressões nas embalagens, ponto crítico para a reciclagem”. O investimento em inovação nos processos de reciclagem também foi lembrado. “É importante inovar nos processos de reciclagem. Na mecânica, o trabalho é para eliminar as barreiras de utilização do reciclado trazendo mais qualidade, eliminando a cor e o odor. Na reciclagem química, trabalhamos na tecnologia de pirólise, que transforma o resíduo em óleo para gerar a nafta, que depois será usada nos crackers das plantas industriais”. 

O gerente de Pesquisa e Desenvolvimento – Adesivos Industriais LATAM da Henkel e coordenador da Comissão Setorial de Colas, Adesivos e Selantes, Carlos Motta, afirmou que o primeiro passo para a promoção da economia circular é a conscientização sobre a coleta dos resíduos, classificados por ele como matéria-prima.  

Ao dividir o ciclo de vida de um produto em produção, uso e final da vida, Motta analisou: “Desde a produção existe a tendência de redução de peso com o objetivo de fazer com que os produtos sejam fabricados com a menor pegada de carbono possível. Já no final do ciclo de vida, o produto pode ser reusado várias vezes, como as garrafas retornáveis ou seguir para a reciclagem onde é feita a coleta e separação dos diferentes materiais para serem reciclados”.  

Segundo ele, a economia circular deve considerar a manutenção do reúso dos recursos, o design para a reciclagem e a melhora na qualidade do material reciclado. “No desenvolvimento de um adesivo, precisamos pensar se ele vai possibilitar a reciclagem e a redução de peso. O adesivo não pode prejudicar a reciclagem, ele precisa ser facilmente separável, para permitir o reúso no caso das garrafas de vidro que são reutilizadas ou a reciclagem. Precisamos transformar o resíduo em valor e caso não possa ser reciclado precisa ser biodegradável”. 

A mesa redonda teve a mediação da gerente de Sustentabilidade da Abiquim, Aline Bressan; e do vice-coordenador da Comissão Setorial de Colas, Adesivos e Selantes e gerente de Negócios de Coatings e Resinas Adesivas da Evonik, João Vinícius Souza. A apresentação do encontro foi feita pela gerente de Comunicação da Abiquim, Camila Matos. 

Resultados do setor em 2019 

Reprodução: YouTube/Abiquim


O presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, destacou a realização do “2º Encontro Nacional de Colas, Adesivos e Selantes”, mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19. Marino também ressaltou o trabalho da comissão que, desde 2000, desenvolve normas técnicas com o objetivo de alinhar as práticas nacionais às melhores práticas internacionais. “A comissão também tem em seu plano de trabalho de 2021 o desenvolvimento da segunda turma do curso de capacitação de mão de obra e tem feito um trabalho consistente em busca de compartilhamento de conhecimento”. 

Durante o evento, ainda foram apresentados os dados estatísticos do setor, elaborados pela equipe de Economia e Estatística da Abiquim, com o perfil estatístico do segmento, incluindo o consumo aparente nacional (CAN) de 2006 a 2019. O estudo foi apresentado pela assessora de Economia e Estatística da Abiquim, Paula Tanaka.

O segmento de colas, adesivos e selantes teve um faturamento de R$ 2,7 bilhões em 2019, sendo que, em média, ao longo do período contemplado de 2006 a 2019, 95% da produção nacional foi destinada ao mercado doméstico e 5% às vendas externas. Em relação aos segmentos que mais consomem as colas, adesivos e selantes, 19,2% da produção é destinada ao segmento de construção civil, 15,9% ao consumo moveleiro, 15,6% às embalagens, 14,7% à indústria calçadista, e o volume restante é destinado a outros setores industriais, entre eles consumo/do it yourself, automobilístico, tintas e vernizes e eletrônicos. 

“A amostra de produtos acompanhada no relatório “Estatísticas do Segmento de Colas, Adesivos e Selantes” inclui os grupos de produtos referentes às colas/adesivos, base água, base solvente, hot-melt, outras e selantes/mástiques e estima-se que representa 80% da produção nacional”, explicou Paula.

As estatísticas completas do setor podem ser adquiridas com a área de Comunicação da Abiquim pelo e-mail: fernando.tavares@abiquim.org.br.  

Mais informações sobre a Comissão Setorial de Colas, Adesivos e Selantes, com a coordenadora-executiva da Comissão, Carolina Ponce de Léon, no e-mail: carolina.poncedeleon@abiquim.org.br

Clique aqui para assistir ao “2º Encontro Nacional de Colas, Adesivos e Selantes” no canal da Abiquim no YouTube.